SPD aceita discutir com Merkel uma "grande coligação"

O Partido Social-Democrata alemão (SPD) disse hoje que está disponível para entrar em diálogo com a chanceler Angela Merkel, o que pode resultar numa "grande coligação" para governar o país.
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A decisão foi tomada por uma clara maioria numa convenção especial que reuniu hoje à tarde em Berlim 200 delegados do SPD e em que o candidato social-democrata derrotado por Merkel, Peer Steinbrück, anunciou a sua demissão.

Após o encorno, o presidente do SPD, Sigmar Gabriel, declarou aos jornalistas que a base das negociações serão as "políticas sociais" e que não "teme novas eleições se as negociações fracassarem".

Sigmar Gabriel disse que a decisão "não abriu caminho para as negociações de coaligação, mas para conversações exploratórias".

Apesar do bom resultado eleitoral obtido nas eleições de domingo, a CDU de Angela Merkel (que obteve 41,5% dos votos) precisa de fazer uma aliança para ter uma maioria no parlamento, seja com o SPD (25,7% dos votos) ou com Os Verdes (8,4%).

Os sociais-democratas estão divididos sobre uma eventual "grande coligação", já que têm uma má experiência da última grande coligação, entre 2005 e 2009, pois o reconhecimento pelo trabalho do Governo foi para a CDU e os eleitores acabaram por "castigar" os social-democratas por decisões pouco populares, como o aumento da idade de reforma, que ficou fixada nos 67 anos.

Por esse motivo, o SPD deverá realizar um referendo aos cerca de 470 mil militantes sobre o resultado de qualquer negociação com os conservadores. A consulta deverá acontecer antes do congresso do partido em Leipzig, programado para 14, 15 e 16 de novembro.

As negociações da coligação "podem ser as mais difíceis na história da República Federal", previu o jornal tabloide Bild. Em 2005, passaram-se cerca de dois meses entre a eleição e a posse do Governo.

"Dentro do SPD, ninguém quer estar nesta coligação", afirmou o vice-presidente do grupo parlamentar, Hubertus Heil, antes da reunião.

Os conservadores deram um primeiro passo para os social-democratas no início desta semana, abrindo a porta a uma discussão sobre os aumentos de impostos para os contribuintes com rendimentos mais elevados, que tinham excluido até o momento.

Andrea Römmele, polítólogo da Universidade de Mannheim, disse em entrevista à televisão ARD que também poderão aceitar o salário mínimo generalizado, um tema caro ao SPD.

Um sondagem divulgada hoje mostra que a maioria dos alemães quer ser governado pela grande coligação" entre CDU e SPD (48% dos entrevistados), enquanto apenas 18% querem um Governo envolvendo conservadores e Os Verdes.

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